PREFÁCIO
O livro de Cesar Tólmi é de extrema intensidade, para ser sentido, bem mais do que para ser julgado intelectualmente suspendendo a cada minuto os óculos já embaçados da erudição e verve acadêmica. O leitor deve estar pronto para mergulhar numa aventura sem par; “vibrará em queda livre” como numa espécie de esporte radical, subirá aos mais altos píncaros e de lá despencará aos mais profundos abismos, sempre se machucando um bocado, mas no gozo de uma experiência plena de surpresas e ineditismo. Enquanto cai e levanta, o leitor estará sempre a se perguntar: “De onde o autor tira sua coragem e onde guarda seus medos?”. Já na introdução o autor revela sua intensidade: “Quer mesmo me conhecer? Saiba que não me agrado de coisa alguma morna ou superficial. Se for para abraçar, que seja de estalar os ossos! Se for para rir, que seja mesmo de doer o estômago! Se for para chorar, que seja até não haver mais lágrimas e incharem os olhos! Se for para beijar, que sejam os lábios considerados como um Portal Sagrado, uma Passagem Mágica que conduza à alma da outra pessoa. Se for para amar, que seja de verdade! Se for para viver, que seja intensamente…
Águas rasas e paradas não me atraem!”.
Em O HOMEM: Entre Espinhos e Flores, o contraditório ganha forma unificada de ARTE e se torna compreensível na expressão da personalidade que explode na ânsia louca de gritar por mais jorros de vida, sem questionar o próprio grito; lembra Nietzsche, pois é razão que cede caminho à emoção, na arte das palavras que fluem livres ao sabor do gosto pelo BELO e pela melodia que delas ressoa, convocando-as e reunindo-as com uma perspicácia admirável! Sinto-me lisonjeado pelo honroso convite de apresentar o escritor que nasce com a força de um lótus no deserto e que, com certeza, nos fará muitos presentes como esse, a conduzir-nos por reflexões nunca ousadas. “Poético, trágico, cômico, perverso, claro, obscuro, chato, empolgante”, são palavras que afloram na mente de quem lê. Diante dos rompantes que provoca, tive sérios ensejos de tomar como minhas as brilhantes palavras do competente professor de Filosofia, anteriormente convidado a prefaciar a obra: “(...) Talvez este seja o limite das minhas possibilidades; não saberia o que dizer, como professor de Filosofia, sobre o valor de sua digressão filosófica, de suas intenções religiosas, etc. Por isso não vejo como escrever um prefácio de um material que não posso avaliar, por falta de capacidade mesmo, de especialização. (...)”. Porém, eu estaria fugindo do desafio feito pelo livro e mesmo ao meu senso de “religiosidade sem religião”, que me faz seguir a razão intuitiva que me mostra a diversidade na unidade da Natureza Criadora. Compreendi que só me resta apostar na receptividade, na abertura compreensiva do espírito do leitor.
Jorge Melchiades Carvalho Filho
(Licenciado em Filosofia, pós-graduado em Psicopedagogia, advogado, apresentador dos programas REFLEXÃO SOBRE A VIDA e REFLETINDO SOBRE A VIDA BOA, na TVCOM/Sorocaba, TV Votorantim TVITU, fundador do NUPEP-Núcleo de Pesquisas Psíquicas, escritor, membro da Academia Sorocabana de Letras e teatrólogo)